sábado, 27 de janeiro de 2007

Cotas nas universidades...E por que não?

Depois de anos de batalha, a comunidade negra é surpreendida com uma facada pelas costas (ou pelas cotas), a governadora do Estado do Pará, senhora Ana Júlia Carepa, vetou cotas para negros na Universidade Estadual do Pará. De fato, essa notícia é um pouco antiga, mas quando um problema dessa extensão não é reconhecido como tal, me sinto no dever de expor o que penso dessa situação.

Não sou negra, nem tampouco estudo em uma Universidade Pública, antes pensava como uma boa parte da população que discrimina a politica de cotas nas Universidades tanto estaduais quanto federais, já até participei de passeatas contra essas tão polêmicas cotas, entranto após um periodo de desintoxicação cerebral (o convívio com patricinhas e mauricinhos não me deixou boa das idéias), pude entender o que tanto essas pessoas (negros, índios e estudantes de escolas públicas) reinvindicavam: OPORTUNIDADE. Num país, onde a classe que prevalece nos melhores cargos de emprego, que estudam nas melhores escolas, é a classe da cor branca e que ganham mais de 3 salários mínimos, o que restariam para o considerado "resto" da população, ou como dizem: "os que estão a margem do sistema"? Não que eles sejam os coitados da história, mas os fatos falam por si.

A necessidade de igualdade educacional surge como o estopim para uma crise que vem de muito tempo. Vamos analisar o caso dos negros, e para isso temos que resgatar o contexto histórico deles. Eles vieram pra cá como escravos, sofreram as piores humilhações que uma sociedade pode sofrer, os brancos exploravam suas crianças, velhos, mulheres e homens. Não possuiam oportunidade nenhuma de exporem seus sentimentos nem suas qualidades. Viveram a merce das decisões do brancos. Sim, isso foi há algum tempo, entretanto mesmo com a abolição da escravidão, me pergunto se ainda hoje, alguma coisa mudou?

Teoricamente e na pratica, houve algumas mudanças, mas elas não conseguiram ainda igualar as classes sociais do Brasil. Ainda quem vive nos morros das favelas, é o negro pobre, enquanto o branco continua em suas casas, explorando indiretamente os serviços dos negros. Isso é um fato, não é especulação, posso estar errada quando me atrevo a fazer esta afirmaçao, mas o que vejo é essa realidade.

Durante todo esse tempo, nada mudou de forma a garantir oportunidade igual a todas as raças e classes sociais. Não é necessario ir muito longe para presenciar essa realidade, veja em seu ambiente de trabalho, quem está exercendo funções de respeito: um branco, negro ou índio? Quantos índios ou negros possuem em seu ambiente de trabalho? Respondendo a essa pergunta você chegará a um denominador comum, no qual a maioria que estão no topo são brancos, de classe média ou alta. Existem exceções, é claro.

A parti desse exame de consciência, percebo que de alguma forma, as classes e raças precisam garantir os direitos de igualdade, já que o sistema e o preconceito ( algo tão fora de moda) não permitem. É entrando com recurso para sistema de cotas no ensino superior que buscam essa oportunidade, que deveria ser aceita pela nossa ilustre governadora, Ana Júlia (ou é governador Jáder Barbalho?). Não vejo que o sistema de cotas seja uma medida preconceituosa, na qual as pessoas sejam ser rotuladas pelos meios legais que ingressaram na Universidade, os medíocres rotulam por que não pensam no bem comunitário, apenas para o seu eu. O sistema de cotas, vem simplesmente para garantir a oportunidade de lutar por melhores empregos no mercado de trabalho, pelo mesmo grau de informação, iguais a todas as raças e classes.

E agora eu pergunto: Porque, tendo essa visão de igualdade de oportunidades, a governadora vetou o projeto de cotas?

Nada a declarar.

Nenhum comentário: